GRAVIDEZ DE LÉSBICAS NOS EUA TIRA "PÃE" DO ARMÁRIO...
Gravidez da filha do vice-presidente dos EUA levanta polêmica. "Pãe" é uma mistura de pai e mãe, diz a brasileira Rosângela Lima.
Rosângela Lira e sua companheira, Daiana, viveram uma história semelhante à muitos casos, como o da filha do ex vice-presidente dos EUA que é homossexual assumida e ficou grávida recentemente: elas também enfrentaram o preconceito e decidiram engravidar. Ambas vivem em Curitiba com o pequeno Rafael, de 2 anos, que foi concebido por inseminação artificial.
A polêmica sobre o casamento entre homossexuais voltou repentinamente aos holofotes da mídia em todo o mundo com a notícia da gravidez de Mary Cheney, a filha do vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, que é homossexual assumida e vive há anos com sua companheira.
No início do ano, o presidente George W. Bush tentou impedir a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo por meio de uma emenda constitucional, mas a tentativa fracassou. Hoje é cada vez maior o número de estados norte-americanos que aceitam o casamento gay, mas o assunto ainda gera polêmica tanto nos Estados Unidos como no Brasil.
A grande repercussão do caso de Mary Cheney pode ajudar a desmistificar a gravidez entre homossexuais, acreditam os grupos que defendem os direitos civis entre casais com parceiros do mesmo sexo.
Em entrevista a um site Rosângela disse que esses novos valores estão cada dia mais presentes na sociedade. "Tanto que em casa me chamam de 'pãe', uma mistura de pai e mãe", diz ela. Nesse casal, no entanto, coube à sua parceira, Daiana, enfrentar os nove meses de gravidez com a barriga crescendo. Leia abaixo a entrevista.
site - Depois de quanto tempo namorando vocês decidiram engravidar?
Rosângela - Depois de dois anos. Minha companheira, Daiana, era heterossexual. Ela era noiva de um rapaz, mas aí nós nos conhecemos e decidimos ficar juntas. A decisão dela implicou em não ter um filho com ele, evidentemente, e ela se perguntou o que faria já que queria ter um filho de qualquer jeito. Aí surgiu a idéia. No começo eu também não sabia o que fazer... então decidimos procurar um médico que nos indicou um banco de sêmem. Então fizemos a inseminação artificial e tivemos o Rafael. É meu 4º filho.
site - Todos por inseminação artificial?
Rosângela - Não. A Silvia Heloísa e a Kelly Camilo são adotadas. O Guilherme Augusto é meu, veio de uma "produção independente". Só o Rafael que veio através de inseminação.
site- E como foi?
Rosângela - Ótimo! No começo levamos um susto porque nos disseram que seriam trigêmeos, mas só vingou um, o Rafael. Ele tem dois anos, quase um metro de altura e muita saúde.
site - Como você acha que ele vai lidar com isso no futuro?
Rosângela - Olha, eu vejo pelos meus filhos. O Guilherme é heterossexual, trabalha comigo num ambiente homossexual e respeita tudo e todos. Então acho que é uma questão de esclarecer a sua opção para os filhos. Se você for uma boa mãe e amiga, esse valor de família vem automaticamente, independe de você ser homossexual ou não. Hoje em dia os filhos não têm os mesmos valores que nós tínhamos com nossos pais. Eu vejo isso na minha família: tenho 18 sobrinhos e percebo que eles não têm com os pais a mesma relação que meus filhos têm comigo.
site - Em que sentido?
Rosângela - De cuidado, de amor, de carinho, de mãezinha...
site - E na sua opinião isso quer dizer o quê?
Rosângela - Não sei... mas é diferente. Uma das minhas irmãs, por exemplo, é a mais carinhosa, a mais querida e tal. Hoje ela tem quase 200 quilos porque está morando em Porto Alegre e a filha mora em Nova York. É muito duro para ela, que dedicou a vida inteira a tomar conta dos filhos.
site - Você sentiu alguma vez preconceito pelo fato de ter um filho com outra mulher?
Rosângela - Não, isso não. Aqui em Curitiba nunca tive nenhum problema. Nossos amigos e pessoas que vão à nossa casa aceitam e entendem perfeitamente o fato de que podemos ter um filho como qualquer outro casal. Por que não?